John Wesley
Por Carlos R. Cavalcanti
"Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei" (Rm.3:28).
Essa doutrina é o ápice da teologia do apóstolo Paulo; é a doutrina evangélica do Nosso Senhor Jesus Cristo. Foi através dela, da "justificação pela fé somente," que Lutero rompeu com a falsa doutrina romanista da salvação pelas obras. Ela quem acendeu o pavio para que a Reforma explodisse. A glória de Deus é exaltada soberanamente nessa doutrina que coloca o machado na raiz do orgulho humano, quando afirma que não é por obras da Lei ou quaisquer tipos de justiça própria praticado por nós.
Ainda hoje, muita gente continua sem compreender como funciona a justificação unicamente pela fé. A teologia armínio-wesleyana corrompe essa doutrina no ponto mais importante. Ela afirma corretamente que a justificação é um ato judicial em que o pecador é declarado justo pela fé em Cristo Jesus. Porém, é herético fazer essa afirmação:
“É um ato pessoal no sentido de que é experimentado apenas pelos que o buscam pela oração e pela fé e que o obtêm. É inclusivo no sentido de que é a remissão de todos os pecados do passado em razão da tolerância de Deus” (Casa Nazarena de Publicações, Introdução a Teologia Cristã, 1990. pg.319).
“É experimentado apenas pelos que o buscam pela oração e pela fé” . A justificação é pela fé somente, porém, o correto seria afirmar: “é experimentado pelos que não buscam”. Os pecadores que não buscam a Deus, que estão afastados da Sua glória, são justificados pela fé. Se alguém busca é porque já foi justificado. Deus prova o Seu amor pelos que não buscam, pelos que estão mortos nos delitos e pecados: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm.5:8). A justificação é a prova do amor de Deus para conosco , e a fé, como dom gratuito de Deus, é o meio pelo qual temos acesso a graça.
Quando os de teologia arminio-wesleyana afirmam que a justificação é para os que buscam pela oração e pela fé, eles estão afirmando que produzem fé salvadora antes da justificação, ou seja, o homem tem que buscar a justificação pela fé que produziu. A justificação, no entanto, não é algo que o homem possa desejar alcançar: “Mas vocês não querem vir para mim a fim de ter vida” (Jo.5:40 – NTLH). Pois, o dom de Deus é algo que acontece na vida dos eleitos, sem que eles busquem: “Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado . Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm.5:5-6). Cristo morreu quando “ainda éramos fracos”, ou seja, quando ainda estávamos mortos em nossos delitos e pecados, quando não desejávamos nem se quer um pouco, nos voltar para o estado de santidade que possuíamos antes da queda.
Como vimos, a justificação é um “dom” Divino e Ele dá a quem quer: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” (Jo.3:8); “Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” (Rm.9:16).
A maioria das pessoas que se dizem cristãs, lêem esse versículo e diz: “Eu não aceito que Deus tenha agido dessa forma; porque se isso é verdade então Ele não está sendo justo para com os que perecem, sem que tenham oportunidade”. Ele, no entanto, tem uma resposta para essas pessoas: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra” (Rm.9:20-21).
“...todos os pecados do passado ...”. Na verdade, Ele perdoou todos os pecados, não só do passado, mas, também do presente e do futuro. “Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna” (Rm. 6:22). Somos declarados justos porque a justiça de Cristo Jesus é imputada em nós. Dessa forma estamos mortos para o pecado, mas vivos para Deus. Portanto, como o sangue de Jesus Cristo é suficiente para nossa salvação, não podemos pensar que ele foi derramado apenas pelos pecados do passado, se fosse assim, a vida eterna não seria uma garantia: “Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede” (Jo. 6:35). Será que cairão da fé os que foram justificados, os que provaram do pão da vida? Jamais terão fome. Os que beberem da água da vida, jamais terão sede. Não existe a possibilidade dos que provaram desse pão e beberam da água da vida voltar a ter fome ou sede novamente. Ele é poderoso para guardar nosso depósito até o dia final. Aquele que começou a boa obra em nossas vidas concluirá até o dia de Cristo Jesus.
O “fruto para a santificação ” é o Espírito Santo que habita em vós. É o selo, a garantia para a “vida eterna”. Se temos a garantia não podemos pensar jamais que perderemos a salvação ou que só os pecados do passado foram perdoados como se pudéssemos cair da graça, uma vez tendo nascido de Deus. Os que verdadeiramente nascem de Deus, têm a Sua natureza, e nada pode mudar essa realidade. Mesmo que um pai não reconheça a paternidade do seu filho ele continuará sendo seu filho, continuará com todas as características hereditárias, é algo que não se pode mudar. A Bíblia diz claramente que não há mais condenação para os que estão em Cristo Jesus. Fomos justificados por Ele e libertos da lei do pecado e da morte: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte” (Rm.8:1-2).
Os que afirmam que se pode cair da graça não conhece verdadeiramente o Deus da salvação: “Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho? Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. Se vós me tivésseis conhecido, conhecereis também a meu Pai” (Jo.14:5-7).
Continua...
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Fonte: Erros Teológicos na Doutrina Armínio-Wesleyana, Carlos R. Cavalcanti, Editora CRC, Recife, 2010.
Sobre o autor: O Pr. Carlos R. Cavalcanti é pastor da Igreja Evangélica Missionária no Janga, Paulista/PE. É Teólogo, Historiador, Antropólogo, Especialista em Arte, Religião e Cultura Judaica.
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