Onde estão os Protestantes?
Os “evangélicos” estão perdendo a referência do que é pecado!
Tudo é relativo, forma de interpretação ou experiências pessoais. A palavra do Senhor é menos importante que a necessidade humana.
2º Timóteo 4:3 e 4
Porque virá tempos em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando-se as fabulas.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
A ENCARNAÇÃO E O NASCIMENTO DE JESUS CRISTO
Por Charles Haddon Spurgeon, (Nº 57 -Pregado na manhã de domingo, 23 de Dezembro, 1855, em New Park Street Chapel, Southark – Londres.)
"E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade." Miquéias 5:2
Essa é a época do ano quando, querendo ou não, estamos obrigados a pensar no nascimento de Cristo. Considero que é uma das coisas mais absurdas debaixo do céu pensar que existe religião quando se guarda o dia de Natal. Não há nenhuma probabilidade de que nosso Salvador Jesus Cristo tenha nascido nesse dia, e a observância dele é puramente de origem papal - sem dúvida os que são católicos tem o direito de reivindicar-lo - mas não posso entender como os protestantes consistentes podem ter-lo de alguma maneira como sagrado. No entanto, eu desejaria que houvesse dez ou doze dias de Natal ao ano – porque há suficiente trabalho no mundo e um pouco mais de descanso não faria mal ao povo trabalhador.
O dia de Natal é realmente uma benção para nós, particularmente porque nos congrega em redor da lareira de nossas casas e nos reunimos uma vez mais com nossos amigos. No entanto, ainda que não seguimos os passos de outras pessoas, não vejo dano algum em pensarmos na encarnação e no nascimento do Senhor Jesus. Não queremos ser classificados entre aqueles que:
"Colocam mais cuidado em guardar o dia de festa
de maneira incorreta Que o cuidado que outros têm para guardar-lo de maneira correta"
Os antigos puritanos faziam ostentação do trabalho no dia de Natal, só para mostrar que protestavam contra a observação desse dia. Mas nós cremos que protestavam tão radicalmente, que desejamos como descendentes seus aproveitar o bem acidental conferido há esse dia, e deixar que os supersticiosos sigam com suas superstições.
Vou de imediato ao ponto que tenho que comentar-lhes. Vemos, em primeiro lugar, quem foi o que enviou Cristo. Deus o Pai fala aqui, e diz: "de ti me sairá o que governará em Israel." Em segundo lugar, de onde veio no momento de Sua encarnação? Em terceiro lugar, para que veio? "Para governar em Israel". Em quarto lugar, já tinha vindo antes? Sim, já o tinha feito. "cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade."
I. Então, em primeiro lugar, QUEM ENVIOU CRISTO? A resposta nos é dada pelas próprias palavras do texto: "De ti", diz o Senhor, falando pela boca de Miquéias, "de ti me sairá." É um doce pensamento que Jesus Cristo não veio sem a permissão, autoridade, consentimento e ajuda de seu Pai. Foi enviado pelo Pai para ser o Salvador dos homens. Ai! Estamos inclinados a esquecer que, se é certo que existe distinções enquanto às Pessoas da Trindade, não existe distinção no que toca a honra – e frequentemente atribuímos a honra de nossa salvação, ou pelo menos as profundidades de Sua misericórdia e o extremo de Sua benevolência, muito mais a Jesus Cristo do que ao Pai. Esse é um grande erro. Jesus veio? Por acaso o Pai não foi quem o enviou? E se foi convertido em um bebê, acaso não foi o Espírito Santo que o gerou? Se falou maravilhosamente, não teria sido o Pai que derramou graça em Seus lábios, para que fosse um capacitado ministro do novo pacto?
Se Seu Pai o abandonou quando tomou a amarga copa de fel, acaso não o amava? E depois de três dias, não Lhe levantou dos mortos e O recebeu no alto, levando cativo o cativeiro? Ah, amados irmãos, quem conhece ao Pai, o Filho, e o Espírito Santo como deveria conhecer-lhes, nunca coloca Um em detrimento do Outro – não está mais agradecido a Um do que com Outro – Vê a Eles todos em Belém, em Getsemani e no Calvário, Todos igualmente envolvidos na obra de salvação. "De ti me sairá." Oh cristãos, têm colocado sua segurança unicamente Nele? E, está unido a Ele? Então, deve crer que está unido ao Deus do céu – posto que vocês são irmãos do homem Cristo Jesus, e têm uma íntima relação com Ele, então, por essa razão, estão ligados ao Deus eterno, e "o Ancião de dias" é Pai e amigo de vocês. "De ti ME sairá"
Por acaso você nunca viu a profundidade do amor que havia no coração do Senhor, quando Deus Pai preparou Seu Filho para a grandiosa empreitada de misericórdia? No céu, houve um triste dia quando Satanás caiu, e levou consigo um terço das estrelas do céu, quando o Filho de Deus, lançado de Sua grandiosa destra dos trovões onipotentes, lançou o grupo rebelde ao fosso de perdição – porem, se pudéssemos conceber uma pena no céu, deve ter sido num dia mais triste quando o Filho do Altíssimo deixou o seio de Seu Pai, onde havia descansado desde antes de todos os mundos. "Vê", disse o Pai, "com a benção de teu Pai sobre Tua cabeça!" Logo vem o despojar de seus vestidos. Como os anjos se reúnem em volta, para ver ao Filho de Deus tirar suas vestes! Colocou de um lado Sua coroa - disse "Pai, eu sou Senhor de tudo, bendito para sempre – porem, vou deixar minha coroa de lado, e serei como os homens mortais." Despoja-se de sua brilhante veste de glória – "Pai," diz "colocarei uma roupa de barro, da mesma que os homens usam." Logo, se despe de todas Suas jóias com as quais era glorificado – coloca de lado Seus mantos bordados de estrelas e suas túnicas de luz, para vestir-se com a simples roupa do campesino da Galiléia. Quão solene deve ter sido esse despojar!
Em seguida, podem imaginar a separação? Os anjos servem ao Salvador ao largo das ruas, até que se aproximam das portas, quando um anjo exclama: "Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas eternas, e sairá o Rei da Glória." Oh! Sou do parecer que os anjos devem ter chorado quando perderam a companhia de Jesus – quando o Sol do Céu lhes arrebatou toda Sua luz. Porem, o seguiram. Desceram com Ele – e quando Seu espírito entrou na carne, e se converteu em bebê, foi servido por esse poderoso exército angelical - esses que depois de terem estado com Ele no casebre de Belém, e depois de ver-lhe descansar no peito de Sua mãe, em seu caminho de volta ao alto, apareceram para os pastores e disseram para eles que tinha nascido o Rei dos judeus. O Pai o enviou! Contemplem esse tema. Suas almas devem se agarrar nesse ponto, e em cada período de Sua vida pensem que Ele sofreu o que o Pai assim quis – que cada passo de Sua vida foi marcado com a aprovação do grandioso EU SOU. Cada pensamento que tenham sobre Jesus deve estar conectado com o Deus eterno, sempre bendito; pois "Ele," disse o Senhor, "ME sairá." Então, quem o enviou? A reposta: o Pai.
II. Agora, em segundo lugar, DE ONDE VEIO? Uma palavra ou duas relativas à Belém. Foi considerado bom e adequado que nosso Salvador nascesse em Belém, e isso devido à história dessa cidade, ao nome de Belém, e a posição de Belém: pequena em Judá
1) Em primeiro lugar, considerou-se que Cristo nascesse em Belém, devido à história de Belém. A pequena aldeia de Belém era muito querida para todo israelita. Jerusalém podia brilhar mais que ela em esplendor, pois ali estava o Templo, a glória de toda a terra, e "formosa província, o gozo de toda terra, é o Monte Sião" – no entanto, em torno de Belém aconteceu um número de incidentes que a converteram para sempre em um lugar agradável de descanso para mente de cada judeu. Até mesmo o cristão não pode deixar de amar Belém.
Creio que a primeira menção que temos de Belém é triste. Ali morreu Raquel. Se buscarem no capítulo 35 de Gênesis, encontrarão que o versículo 16 diz:
Partiram de Betel; e havia ainda um pequeno espaço de terra para chegar a Efrata, e deu à luz Raquel, e ela teve trabalho em seu parto. E aconteceu que, tendo ela trabalho em seu parto, lhe disse a parteira: Não temas, porque também este filho terás. E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque morreu), chamou-lhe Benoni; mas seu pai chamou-lhe Benjamim. Assim morreu Raquel, e foi sepultada no caminho de Efrata; que é Belém. E Jacó pôs uma coluna sobre a sua sepultura; esta é a coluna da sepultura de Raquel até o dia de hoje. (Genesis 35:16-20)
Esse é um incidente singular: quase profético. Não teria podido Maria ter chamando a seu próprio filho Jesus de seu Benoni? Pois ele ia ser "o filho de minha dor."
Simão lhe disse: (E uma espada traspassará também a tua própria alma); para que se manifestem os pensamentos de muitos corações. (Lucas 2:35) Mas, ainda que ela podia ter-lhe chamado Benoni, como Deus seu Pai o chamou? Benjamim, o filho de minha mão direita – Benjamim enquanto a Sua divindade. Esse pequeno incidente parece ser quase uma profecia que Benoni: Benjamim, o Senhor Jesus, devia nascer em Belém
Porem, outra mulher faz esse lugar celebre. O nome dessa mulher era Noemi. Ali em Belém, em dias posteriores, viveu essa mulher ,de nome Noemi, quando talvez a pedra que o amor de Jacó por Raquel tinha levantado já estivesse coberta pelo musgo e sua inscrição talvez já borrada pelo tempo. Ela também foi uma filha de gozo, mas também foi uma filha de amargura. Noemi foi uma mulher que o Senhor tinha amado e abençoado, mas ela teve que marchar a uma terra estranha; e ela disse: "Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso" (Rute 1:20) No entanto, ela não estava sozinha em meio de todas suas perdas, pois agarrou-se a ela Rute, a moabita, cujo sangue gentil devia se unir com a torrente pura e sem mancha do judeu, que devia gerar ao Senhor nosso Salvador, o grandioso Rei tanto dos judeus como dos gentios.
O belíssimo livro de Rute tinha todo seu cenário em Belém. Foi em Belém que Rute saiu a recolher espigas nos campos de Boaz; foi ali que Boaz a olhou, e lá que ela se prostrou em terra diante de seu senhor; foi ali que foi celebrado seu matrimonio, e nas ruas de Belém, Boaz e Rute receberam uma bênção que os fez frutíferos, de tal forma que Boaz converte-se no pai de Obede, e Obede pai de Jessé, e Jessé gerou a Davi. Esse último feito cinge Belém com glória: o fato de Davi ter nascido ali – o poderoso herói que matou ao gigante filisteu, que livrou aos descontentes de sua terra da tirania de seu monarca, que depois, com pleno consentimento de um povo que assim o queria, foi coroado rei de Israel e de Judá.
Belém era uma cidade real, porque reis foram gerados ali. Ainda que Belém fosse pequena, tinha muito para ser estimada – porque era como certos principados que temos na Europa, que não são celebrados por nada a não ser terem gerado consortes das famílias reais da Inglaterra. Era um direito, então, pela história, que Belém devia ser o lugar do nascimento de Cristo.
2) Mais adiante, existe algo no nome do lugar. "Belém Efrata." A palavra "Belém" tem um duplo significado: quer dizer "casa de pão," e "casa da guerra." Cristo não devia nascer na "casa do pão?" Ele é o pão de seu povo, de Quem recebe seu alimento. Como nossos pais comeram o maná no deserto, assim nós vivemos de Cristo aqui embaixo. Famintos frente ao mundo, não podemos alimentar-nos de suas sombras, pois eles são porcos; já nós precisamos de algo mais substancial, e nesse pão do céu, feito do corpo ferido de nosso Senhor Jesus, e cozido no forno de Suas agonias, encontramos um bendito alimento. Não existe alimento como Jesus para a alma desesperada ou para o mais forte dos santos. O mais humilde da família de Deus, vá a Belém por seu pão – e o homem mais forte, que come sólidos alimentos, vá a Belém por eles.
Casa do Pão! De onde poderia vir nosso alimento fora de Ti? Temos provado ao Sinai, porem em seus picos afiados não crescem frutos, e suas alturas espinhosas não produzem o trigo que possa alimentar-nos. Fomos ao próprio Tabor, onde Cristo foi transfigurado, e, no entanto, ali não fomos capazes de comer Sua carne e beber Seu sangue.
Porem, você, Belém, casa de pão, corretamente foi nomeada – pois ali se lhe deu ao homem pela primeira vez o pão da vida. E também é chamada "a casa da guerra;" porque Cristo é para os homens "casa do pão", ou do contrário, "casa da guerra." Enquanto Ele é alimento para o justo, faz guerra ao ímpio, segundo Sua própria palavra: "Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares." ( Mateus10:34-36)
Pecador! Se não conheces Belém como "a casa do pão", então ela será para ti uma "casa de guerra." Se nunca bebes o doce mel dos lábios de Jesus – se não és como a abelha que sorve do delicioso e doce licor da Rosa de Saron, então, dessa mesma boca sairá uma espada de dois gumes contra ti – e essa mesma boca da quão os justos sacam seu pão, será para ti a boca da destruição e a causa de teu mal.
Jesus de Belém, casa de pão e casa de guerra, nós confiamos em que lhe conhecemos como nosso pão. Oh, que alguns que não estão em guerra Contigo possam ouvir em seus corações, assim como em seus ouvidos, o hino:
"Paz na terra, e indulgente
Misericórdia;
Deus e os pecadores reconciliados."
Agora, vamos nos referir a essa palavra: "Efrata". Esse era o antigo nome do lugar, que os judeus conservavam e amavam. Seu significado é "Fecundidade" ou "abundância" Ah! Que adequado foi que Jesus nascera na casa da fecundidade – pois, de onde vem minha fertilidade e sua fertilidade, meu irmão, senão de Belém? Nossos pobres corações infrutíferos nunca produziram nenhum fruto, nenhuma flor, até que foram regados com o sangue do Salvador.
É a sua encarnação que enriquece o solo de nossos corações. Por toda terra havia espinhas salientes, e venenos mortais, antes que Ele viesse – porem nossa fertilidade vem Dele. "Sou como a faia verde; de mim é achado o teu fruto." (Oséias 14:8) "todas as minhas fontes estão em ti." (Salmo 87:7) Se nós somos como arvores plantadas junto à corretes de águas, dando fruto na estação própria, não é porque tenhamos sido naturalmente frutíferos, mas antes, por causa das correntes de águas juntos as quais fomos plantados.
Jesus é que nos faz fecundos. "Quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto" (João 15:5) Gloriosa Belém Efrata! Bem nomeada! Fértil casa de pão – a casa de abundante provisão para o povo de Deus!
3) Continuando, notemos a posição de Belém. É dito que é "pequena para estar entre as famílias de Judá." Por que é dito isso? Porque Jesus Cristo sempre vai em meio dos pequenos. Ele nasceu na pequena aldeia "para estar entre as famílias de Judá." Não na alta colina de Basã, nem no monte real de Hebron, nem nos palácios de Jerusalém, mas sim na humilde, porem ilustre, aldeia de Belém.
Há uma passagem em Zacarias que nos ensina uma lição: diz que um varão que cavalgava sobre um cavalo vermelho, estava entre as murtas que estavam na baixada. (Zacarias 1:8-10) Agora, as murtas crescem nas baixadas – e o homem cavalga seu cavalo sempre trota ali. Ele não vai por cima da montanha – Ele cavalga entre os humildes de coração. "Olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra." (Isaías 66:2)
Há alguns pequenos entre nós hoje: "pequena para se achar entre os milhares de Judá." Ninguém escutou antes o nome de vocês, não é verdade? Se os enterram e escrevem seus nomes em suas tumbas, passariam despercebidos. Os que passassem ali diriam: "esse não significa nada para mim: nunca o conheci."
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