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Porque virá tempos em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando-se as fabulas.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Apagão de mão de obra preocupa CEOs brasileiros

por Felipe Dreher
50% dos presidentes de empresas nacionais acusam falta de profissionais qualificados como fator que impactará negócios nos próximos anos
O momento brasileiro evoca otimismo nesse período de retomada econômica. Mas o crescimento, em muitos casos, traz consigo aspectos dolorosos e algumas barreiras a vencer. Pelo visto, o que tem tirado o sono dos empresários brasileiros é força de trabalho.
Metade dos 66 presidentes brasileiros que responderam a quarta edição do Global CEO Study, pesquisa realizada pela IBM, acusam falta de mão de obra qualificada como grande obstáculo para o sucesso de suas companhias nos próximos anos.
"Apagão de profissionais é uma das dores do crescimento. Educação é um dos pontos mais frágeis e precisa de muito foco nos próximos anos. Existe competição pelos recursos formados", corrobora José Antonio Fay, presidente da BRFoods.
Dentre os fatores que terão grande impacto nas suas organizações em cinco anos, os CEOs brasileiros participantes do estudo listam, além de escassez de talentos, pontos referentes à sustentabilidade e ciclos mais curtos de mercado (70%).
"O novo ambiente econômico aponta para maior volatilidade", reforça Ricardo Gomez, líder de serviços em consultoria da IBM para a América Latina, citando que a crise econômica de 2007 trouxe mudanças que vieram para ficar. "Não voltaremos ao que tínhamos antes", avalia.
Marcos de Marchi, presidente da Rhodia América Latina acrescenta: "O momento [do Brasil] é bom, mas daqui pra frente não poderemos crescer apenas capitalizando as qualidades". Isso significa mudanças importantes para ganhar em competitividade.
Para ajudar a enfrentar esses novos cenários que se desenham, a provedora de TI mapeou empresas que chama de "alto desempenho" (que registram apenas 6% de diferença entre complexidade de mercado esperada e habilidade que possuem para gerenciar isso).
Segundo Gomez, companhias com esse perfil encaram a complexidade de três maneiras: liderança criativa, reinvenção do relacionamento com clientes e desenvolvimento da eficiência operacional.
"Em ambientes mais voláteis a empresas precisam de um processo de inovação sólido e criar vínculos emocionais entre produtos dentro de uma comunicação de múltiplas vias para ser competitiva", reflete Otto von Sothen, presidente da divisão de alimentos da Pepsico do Brasil.
O Global CEO Study 2010 mostra que as mudanças planejadas para o modelo operacional esperada no Brasil para os próximos cinco anos encontram-se principalmente em processo, uma questão já resolvida em companhias classificadas como de alto desempenho, que pretendem focar na experiência dos clientes.
Aliás, companhias de grande performance tem como característica o pensamento global e compreensão do uso de parcerias para formação de um ecossistema.
A pesquisa global ouviu 1.541 líderes de empresas, de 60 países e 33 segmentos de mercado entre setembro de 2009 e janeiro de 2010.
Ele lucra com apagão de mão de obra
Fundador da Microlins quer aproveitar escassez de profissionais qualificados no País para dobrar o número de escolas em cinco anos
Naiana Oscar - O Estado de S.Paulo
A escola está em campanha. No teto da recepção, balões coloridos e, na parede, um cartaz em verde e amarelo com letras gritantes: "A profissão do brasileiro é ser vencedor. Cresça com o Brasil!" A meta da equipe de vendas da Microlins é fazer pelo menos cinco matrículas por minuto em um dos 40 cursos que oferece em todo o País. A maior rede de ensino profissionalizante do Brasil quer aproveitar o apagão de mão de obra qualificada para crescer e até se instalar no exterior. Na cabeça do fundador, José Carlos Semenzato, o projeto é perfeitamente possível.
Assim que começou a se falar de pré-sal, Copa do Mundo, Olimpíada e etanol, o empresário ordenou que sua equipe tratasse de desenvolver novos produtos. Os cursos rápidos de petróleo e gás, setor sucroalcooleiro e logística já estão com turmas abertas e não têm concorrentes de peso. É tudo básico e barato para atingir o público-alvo da Microlins - a classe C - e dar a esses estudantes a possibilidade de se tornarem operários.
Até 2011, o grupo pretende colocar os pés no exterior. As negociações já começaram com investidores do México, Angola e Argentina. Em cinco anos, a meta é dobrar o número de unidades e chegar a 2 mil escolas no território nacional. "É o nosso melhor momento e vamos aproveitá-lo para, em três anos, nos tornarmos a maior escola profissionalizante do mundo", diz o empresário, que fala com jeito de quem está dando uma palestra. "Sonhar grande dá o mesmo trabalho que sonhar pequeno" é uma de suas frases habituais.
Trajetória. Parece mesmo que ele aplicou o ditado em sua trajetória empreendedora, iniciada no município de Lins (SP), no início dos anos 90. Filho de um mestre de obras e de uma dona de casa, Semenzato concluiu apenas o ensino médio, fez um curso técnico de informática e começou a dar aulas particulares numa padaria, usando o computador do caixa. Tinha 18 anos.
Antes, aos 13, vendia coxinhas feitas pela mãe. "Sem saber, começava ali uma carreira de sucesso", diz, sem modéstia, ao contar que, com o dinheiro, conseguiu comprar um Fusca para a família. Chegou a trabalhar também como analista de sistemas, mas sabia que nada disso faria com que atingisse sua grande meta: ser rico. Semenzato diz que, desde criança, imaginava que teria casa com piscina, carrão, barco, fazenda e uma conta bancária recheada. Hoje, a Microlins fatura R$ 400 milhões por ano.
A primeira escola, exclusivamente de informática, foi aberta em 1991, na edícula de uma casa alugada em Lins. Três anos e muitos contratos de leasing de computadores depois, Semenzato já era dono de 17 unidades próprias. "Eu não tinha capital inicial, comecei do zero fazendo dívida nos bancos", lembra. Com o Plano Real, o valor da parcela dos cursos caiu e o dos contratos disparou. Os oficiais de Justiça levaram carro, móveis, eletrodomésticos. Parecia o fim.
Mas foi o começo. Para não perder as escolas, Semenzato foi atrás de investidores que quisessem tocar as unidades e virou, oficialmente, um franqueador. Em 1997, quando tinha uma rede de 45 lojas, decidiu ampliar o leque de cursos para além da informática. Começou com um curso de práticas administrativas e estourou com a formação de técnico em telecomunicação - profissional que se tornou requisitado com a privatização das teles. Em menos de um ano, o número de escolas quase triplicou.
Potencial. Agora, com mil unidades em 500 cidades, a Microlins tem chances de dar outro salto. Um estudo recente do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) indicou que o Brasil terá de qualificar 15 milhões de profissionais nos próximos cinco anos. "A rede do Semenzato tem potencial, mas o crescimento precisa ser sustentável", diz Adir Ribeiro, consultor de franchising e professor da Fundação Getúlio Vargas.
A rede também precisa enfrentar as dúvidas sobre a qualidade dos cursos. Em 2009, a Microlins ocupou a 18.ª posição na lista de empresas com mais reclamações do Procon-SP.
Mais do que um empresário do setor educacional, Semenzato é um vendedor. Seu mérito, dizem no mercado, é vender cursos como o McDonald"s vende Big Mac. A seu favor está a capilaridade - vantagem que levou a rede a fechar parcerias com empresas como Totvs, HSBC e Pão de Açúcar. Elas alugam a estrutura das franquias para treinar funcionários em locais distantes da sede.
No dia a dia, Semenzato faz questão de acompanhar de perto os contratos de marketing e o número de matrículas registradas na rede. Quando não está na sede da empresa em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, o empresário monitora o desempenho dos franqueados pelo BlackBerry. Também usa o aparelho para compartilhar mensagens com seus 270 seguidores do Twitter (comemora sempre que ganha mais um). Lê e-mails freneticamente e tenta respondê-los em, no máximo, uma hora. Se é bronca, chega a enviar cópia para mais de 100 pessoas.
Mas as metas não são atingidas só com esse tipo de pressão. Funcionários que batem as vendas são recompensados com prêmios, como motos e viagens. Para os seis gerentes que mais se destacaram em abril, a premiação foi passar "um fim de semana com o presidente". Eles voaram no King Air do empresário e passearam na BMW e no Porsche Cayenne do patrão. À noite, Semenzato ofereceu um jantar em casa, com degustação de queijos e vinhos - selecionados entre os 1,2 mil de sua adega. "Eles não acreditavam que eu era de carne e osso", lembra.
Vaidoso e apreciador do luxo, o empresário diz que tem procurado se expor menos. Está tentando levar uma vida mais simples para não causar má impressão aos investidores. "Já tive seis BMWs na garagem, coleção de relógios e outras coisinhas." Disse que agora está se controlando e justificou o Rolex comprado em janeiro. "Gosto de me dar um presente quando fecho um novo negócio." O acessório é lembrança do contrato firmado com a Casa do Sorvete Jundiá, terceira maior do segmento no Brasil.
Em 2008, presenteou-se com um Porsche Carrera 911 para comemorar a sociedade com o Banco Pátria, que controla a Anhanguera, instituição particular de ensino superior. Os banqueiros investiram R$ 50 milhões na Microlins para comprar 30% das ações e profissionalizar a gestão. A mulher de Semenzato, Samara, teve de deixar a diretoria financeira e os cunhados, os cargos de gerência. Os parentes estão sendo remanejados para novos negócios.
Dois motivos fizeram a Anhanguera se interessar pela Microlins, segundo Ryon Braga, da Hoper Consultoria Educacional: "O grande potencial dos cursos livres e a necessidade de a universidade contar com uma estrutura mínima para que o MEC autorize cursos a distância."
Em suas palestras, Semenzato classifica a sociedade com o Banco Pátria como o penúltimo dos ciclos de crescimento da empresa. O último slide - que ele acrescentou com dificuldade, porque não tem familiaridade com o Power Point - registra que o melhor momento da Microlins ainda está por vir.
Novos cursos
Sucroalcooleiro: dividido em três módulos, com duração de oito meses, para formar operários de base para usinas de cana-de-açúcar, como operadores de centrífuga e auxiliar de destilaria.
Petróleo e Gás: dura em média 10 meses e forma profissionais para atuar em empresas terceirizadas pela Petrobrás que trabalham na perfuração de poços, logística, transporte e distribuição. O operário sai capacitado para trabalhar como auxiliar de plataformista.
Logística: forma profissionais de base para atuar em empresas de transporte e na indústria.
Apagão de mão de obra qualificada
Com a carência de profissionais adequados às funções, empresas reveem conceitos e estratégias de contratação.
O mercado de trabalho no Brasil está em ebulição. Economia aquecida, aumento da massa salarial, do número de contratações, inflação controlada, expansão do crédito e perspectivas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de até 5% nos próximos anos explicam o bom momento vivido pelo País. Mas também expõem as consequências no mundo do trabalho.
Alguns setores, como o de construção civil, começam a enfrentar o chamado apagão de profissionais qualificados, no caso engenheiros, para dar conta da demanda gerada pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e de eventos esportivos como a Copa do Mundo e a Olimpíada. "A situação não está mais crítica porque, pelo segundo ano consecutivo, a carreira de engenharia foi uma das mais procuradas no vestibular da Fuvest", afirma Fernando da Costa, diretor de operações da Consultoria Human Brasil.
Com a atual falta de profissionais para o preenchimento de vagas, muitas empresas têm optado por engenheiros mais velhos, com mais de 50 anos. Segundo Costa, muitos deles, aposentados, voltaram ao mercado de trabalho e hoje são mais valorizados. "Há empresas, inclusive, usando esse perfil de profissional como formador da nova geração", diz.
A indústria também enfrenta problemas para preencher suas vagas, sobretudo na área de tecnologia. A necessidade por profissionais com conhecimento diferenciado em tecnologia vem sendo suprida por tecnólogos, cujos cursos surgiram há mais ou menos cinco anos, com duração de dois ou três anos. Outra solução foi investir em trainees. "Foi a forma que encontraram para desenvolver o profissional de acordo com características desejadas", resume.
Crônico – No comércio, o consultor diz que faltam profissionais que dominem a fundo a cadeia de varejo, conheçam, por exemplo, os canais apropriados para colocar produtos em magazines e supermercados. E isso é um problema crônico e antigo no segmento, intensificado com o atual cenário econômico. Para Costa, o grande obstáculo é não existir um plano de carreira no setor, fazendo com que a profissão de vendedor seja apenas passageira, ou o primeiro emprego, como ocorre com o telemarketing.
A falta de mão de obra qualificada também tem preocupado os empresários de serviços. Pesquisa realizada em julho pela Central Brasileira do Setor de Serviços (Cebrasse) aponta que a retenção e a manutenção de profissionais é a segunda maior preocupação para 71% das empresas, perdendo para a carga tributária, com 86%. Em março, 30% dos entrevistados citaram a falta de qualificação como item a influenciar os negócios. Segundo o levantamento, a carência de trabalhadores preparados é mais frequente para preencher as vagas de comprador, vendedor, mecânico, eletricista, supervisor, gerente e motorista.
Falta fermento  profissional
No Brasil, a falta de qualificação é um problema que atinge até uma das profissões mais antigas do mundo: padeiro. O presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de São Paulo, Antero José Pereira, afirma que há uma carência de mão de obra qualificada na área e parte do problema é decorrente do número reduzido de escolas profissionalizantes.
Segundo ele, o piso inicial para um bom padeiro varia de R$ 1,2 mil a R$ 1,8 mil, mas dependendo da qualificação do profissional e da região do estabelecimento, um padeiro recebe em torno de R$ 2,5 mil. Hoje, um profissional capacitado sabe a receita de dezenas de tipos de pães.
É o caso do padeiro José Edson de Moraes, há sete anos na profissão. Ele trabalha na padaria Marengo, no Tatuapé, há quase seis anos e tem planos para abrir o próprio negócio. Diariamente, por um salário de R$ 2 mil por mês, põe a mão na massa para a confecção de cerca de 30 tipos de pães. "O italiano é um dos mais trabalhosos porque sua fermentação é natural. Mas é o que mais gosto de fazer", explica.
Moraes fez cursos para o aperfeiçoamento da profissão, mas acha que a prática é a melhor forma de aprender. Acostumado a manusear massas, ele dá a receita para se tornar um bom padeiro. "Ser higiênico, cumprir horários e conhecer as peculiaridades na hora de preparar a massa dos pães", conclui.

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